terça-feira, 6 de setembro de 2011

- Assim tão fácil você vai embora- Disse ela, sua voz estava calma e ofegante.
- Sim, mas não é tão fácil quanto você pensa. Nem difícil, só é simples- Disse ele, sua voz ainda era mais ofegante. Uma lágrima desceu em seu rosto… Uma lágrima que parecia pesar feito pedra.
- Não chore- Ele tentou acalmá-la, mas sairam lágrimas de seus olhos também- Eu voltarei… Talvez.
- E seus pais… Sua família?- As palavras mais pareciam soluços vindo da boca dela.
- Eles vão ficar bem sem mim… Eles já se sentem bem ao saber que irei partir- Sua expressão era de raiva agora, misturada com lágrimas.
- Mas porque isso… O que te fez chegar à esta conclusão?- Ela parecia mais calma agora.
Ele respondeu com apenas uma palavra:
- Vida…
Houve um breve silêncio…
-O que a vida te fez?- Uma pequena lágrima voltou à escorrer pelo seu rosto, ela viu no reflexo dos olhos dele.
Ele a abraçou fortemente, ela sabia que aquele abraço era apenas uma fuga de sua pergunta, sabia que ele não iria reponder. Tinha consciência que seria o último.
- Eu presciso. O problema nunca foi você, nem eles. Sou eu. Enjoo-me rápido das coisa, pessoas e lugares. Não fiques pensando que nunca mais voltareis. Também enjoarei de lá, e terei que ir-me. E em uma desses idas e vindas poderei cair novamente aqui. Não te desespere, mas tenho que ir. Ainda não estou na idade de querer me acomodar. – Ele estava já abrindo a porta de sua casa, mas de súbito, foi agarrado na cintura por sua amada.
- Pelo menos me deixe beija-lo num último momento. Deixe-me sentir seu corpo pela derradeira vez.– Ela encharcara a blusa do rapaz com as mãos molhadas de enchugar suas dores transmitidas em lágrimas - Preciso de um conforto enquanto estarei sem ti.
Ele virou-se em direção à moça, fechou os olhos e desenhou com a boca:
- Adeus.
E se foi, não olhou se quer para trás. Foi-se sem olhar novamente para a criatura deixada aos pedaços. E ainda não regressou. Mas seu amor nela ainda ficou.